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5 Poemas potiguares que ganharam o mundo

Atualizado: 15 de jun. de 2020

Rio Grande do Norte, em cada esquina uma poesia. Os poemas potiguares são únicos e podem ser encontrados em todos os cantos do estado. Clássicos ou contemporâneos, escritos por homens e mulheres, a poesia potiguar merece mais atenção.


Quantos poemas potiguares você conhece?


A poesia é uma forma de arte que consegue tocar bem no fundo. Muitas vezes, o simples ato de ler palavras poéticas organizadas em versos ritmados pode alegrar um dia inteiro, principalmente quando nos faz lembrar de situações e lugares importantes.


Nesse sentido, o Rio Grande do Norte é um estado reconhecido por seus grandes poetas, que sempre escreveram sobre o lugar de onde vieram e sobre as coisas mais lindas do estado e da vida. Por ser um estado nordestino, já tem a poesia na veia e mesmo dentro de uma cultura conhecida como oral, considerando os cordéis que são inspirados em relatos orais e repentes, a poesia escrita consegue se destacar.


Mas, quantos poemas potiguares você conhece?

Se você gosta de poesia e não conhece muitos poemas, confira a seguir 5 belíssimas obras de autores clássicos e contemporâneos do estado.



5 Poemas da poesia potiguar que você precisa conhecer


1. O Cântico da Terra, José Bezerra Gomes (Currais Novos-RN)

“Nunca percorri as cinco partes do mundo:

Oropa, França e Bahia,

Mas vi os retirantes da minha terra

Nas longas caminhadas das grandes secas

Como se fossem os sobreviventes

De todos os cataclismos.

Nunca vi o espetáculo das belas cataratas do mundo

Mas vi os rios da minha terra

Correndo nas grandes cheias

Com a violência das correntezas

Que nunca foram navegadas.

Nunca vi as grandes Orquestras Sinfônicas

Regidas pelos grandes maestros internacionais

Mas escutei o toque dos cegos das feiras nordestinas

Como se uma lágrima estivesse rolando na face

De todos os cegos do mundo.”


2. Um poema de Ada Lima (poetisa de Areia Branca, que reside em Natal-RN)


“O pânico que me escorre das mãos

não é outro

senão

o de ter que ancorar navios

no vazio.”


3. Cabala, Jeanne Araujo, 2015 (Ceará-Mirim-RN)


“Quando arqueio as costas

vibro igual violino

e mesmo as amarras

mordaças e estacas

não me bastam.

A voz, a tua, arrepia

as porcelanas, os quadros

e estremeço

onde o corpo de contrai.

Meu horror é teu mandamento

consentido em meu corpo inteiro.

Se preciso eu uivo, sibilo

acendo tua vela, teu pavio, tua adaga

porque és armadilha de cilício

no meu ventre.”


4. Na Piscina, Gilberto Avelino (Assú-RN)


“Aquém do mar,

a piscina

de águas azuis.

As sombras,

os ventos,

as mesas,

brancas,

circulando

a piscina.

A suavidade

da água de cocos.

Ou o doce e fino

sabor

da água das fontes,

após

comer-se

a leve gordura dos cascos,

a clara carne

das patas

dos vermelhos

caranguejos cozidos.

Ainda,

a carne seca,

assada nas brasas,

flamejando.

Em copos de cristal,

a tênue espuma

do vinho

branco

ou tinto,

com verdes-azeitonas

boiando.

Enterneciam a manhã

os blues

de Louis Armstrong.

Aquém do mar,

a piscina

de águas azuis.

De repente

vinhas,

a davas ao corpo

a carícia das águas.

Com o exíguo vestir,

em relevo expunhas

ao sol

o viço

da inapagável beleza

do teu corpo.

E do olhar

nasciam-me

salsas enlaçantes.

Não te esqueças,

portanto,

girassol de dezembro,

de que sempre volto

a ver

o azul dessas águas.”


5. Um poema de Regina Azevedo (Natal-RN)



“Tomar catuaba com você

Tomar catuaba com você

é ainda mais tesudo

que ir a Hellcife, Natal, Fortaleza

ou ficar sequelado de 51 na Lapa

em parte por dançar forró com um mendigo suado

em parte por você ser o boy com o quadril mais eficiente do mundo

em parte por causa do meu amor por você

em parte por causa do seu amor por maconha

em parte por causa dos ipês albinos na estrada de Brasília

é difícil de acreditar quando estou com você

na existência de algo tão inerte

tão inodoro e ao mesmo tempo tão putrefato

quanto o atual Presidente da República

Nós andamos entre as fantasias da nossa canção

e de repente você se pergunta por que caralhos

alguém construiria um edifício atrapalhando o carnaval

Eu imagino o desmoronamento de um arranha-céu

e eu prefiro assistir ao acontecimento

de um desastre natural refletido nos seus olhos

Eu prefiro ver o seu sorriso diante de um maremoto

diante da falência da agroindústria ou das imobiliárias

a ver qualquer quadro pós-impressionista

exceto talvez Lautrec porque quando eu danço com você

eu não preciso fechar os olhos pra dançar com a melhor pessoa do mundo

Tomar catuaba com você

é ainda mais tesudo

que te assistir tragando um míssil

que ouvir você falando da potência das flores

que reposicionar a cama no lugar

que tropeçar e te encontrar

repetindo a palavra calma

enquanto o vento nos dá um sacode

e você diz que sente

a primavera fazendo cócegas

em nossas barrigas”

No post de hoje você pôde conhecer 5 lindos poemas potiguares. O que achou? Conhece mais algum poema que precisa ser visto? Conte-nos através dos comentários!

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